CONFISSÕES
São 22h e 35m de sexta-feira. Cheguei a casa hà cerca de uma hora, completamente estafado, no final de mais um dia de trabalho.
Longe vai o tempo, em que não me encontrava só quando chegava a casa. Bem vistas as coisas eu não estou só.Tenho a minha solidão, os meus fantasmas e acima de tudo os des-amores.
Ao fim de cerca de nove anos, longe de tudo o que mais amava, voltei para re-fazer a minha vida junto daqueles que, por vicissitudes da vida, fui obrigado a deixar de ter diariàmente no meu convívio. Neste iato da minha vida, muita coisa mudou. A mulher da minha vida partiu, e eu, não obstante o apoio dos meus filhos, ainda hoje me sinto perdido, manco, desasado, e acima de tudo incompleto. Os amigos,poucos, mas bons, felizmente mantiveram-se.
Lentamente, vou re-aprendendo a viver, a respirar, e, acima de tudo a fazer das tripas coração para apanhar o combóio certo.
Não obstante toda a tristeza que muitas vezes me invade, vou buscando forças onde nunca pensei ter.
Nestes últimos nove anos, muitas foram as vezes que tive vontade de baixar os braços e desistir. Baixar os braços e desistir, não é necessariamente sinónimo de fraqueza ou falta de carácter. São sim, muitas vezes, a constatação que mais vale parar e esperar que a tempestade passe. Alturas há, em que parece que tudo o que de menos bom há, nos bate à porta.
O regresso, à minha Lisboa que tanto amo e adoro, percorrê-la, calcorreando as sua ruas, ver o Tejo, olhar para o mar, tem ajudado a superar alguma da apreensão e incerteza, no dia de amanhã.
É óptimo, voltar a estar com pessoas que já não víamos hà muitos anos, e, constactarmos que se sentem agradadas, senão mesmo felizes-passe a imodéstia-quando nos reveem.
Voltei a poder ver os jogos de rugby do meu Benfica, bem como o torneio das “6 Nações”.
Agora, só falta, conseguir ultrapassar a desilusão maior, a seguir à perda da minha MÃE.